sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Texto, Auto de Natal 2014

A pequena Vendedora de Fósforos



Personagens


Maria
Padrasto
Mãe
Nossa Senhora
Vendedor de Casas
Sra Rica 1
Sr Rico
Garotinha
Sra Rica 2
Narradora
Garota chata 1
Garota chata 2
Estrelinha

Começa com o musical a cidade canta.

Narradora — Era vigília de Natal. Numa época que poderia ser hoje, num lugar que poderia ser aqui, com pessoas que poderíamos ser nós. Uma menina, pobre, com sonhos...Como tantas. Maria, mais uma numa lista de tantas, mais uma entre muitas. Maria e seu sonho.

Maria — Eu queria tanto ver o mar.

Crianças riem.

Garota Chata 1 — O mar? Ver o mar. Acorda Maria. Aqui no sertão nem ta chovendo e tu quer ver o mar.

Garota Chata 2 — Devia era ver se vende as tranqueira do teu pai, senão vai acabar apanhando tra vez.

Maria — Ma eu tenho um sonho. Queria ver o mar, minha mãezinha disse que ia me levar pra conhecer as águas que turvam nos oi da gente. Mar ela morreu.

Garota Chata 1 — Ih, lá vem ela falando da mãe tra véiz.

Garota Chata 2 — Disse que fica sonhando com ela. Sonhando com fantasma. Deus me livre!

Padrasto — Maria! Maria!

Maria — Ai, minha Nossa Senhora, é o padrasto.


Garota Chata 1 — É agora!

Garota Chata 2 — É agora que tu apanha!

Garota Chata 1 — essa eu quero ver.

Padrasto — Cadê tu Maria? Cadê tu? Num dianta se esconde di eu não, purque eu inxergo muito bem. Responde logo cadê tu.

Maria — Tö aqui, padrasto.

Padrasto — E o que é que tu ta fazendo aqui, que inda num foi vender as coisa lá na cidade?

Maria — É que, é que hoje eu to tão cansada. Num to me sentino bem.

Padrasto — Tu ta é com preguça menina. Ingrata! Se num ofsse eu e meu coração generoso, tu tava morreno de fome. Oia, bem, espia só, que eu num sô brigado a sustenta fio dos outro. Tu num é nada minha. Mar inda anssim, cum toda minha bondade, eu te do casa e cumida. E o que eu peço? Só pra tu vender essas coisa, inté caba tudim. E tu vende? Não!

Maria — Mar o que eu vendo, ninguém quer compra.

Garota Chata 1 — Um pente sem dente.

Padrasto — É pra pentear careca.

Garota Chata 2 — Um espelho que não reflete nada.

 Padrasto — Esse é pra mulher feia pensar que ta bunita.

Maria — E fósforos.

Padrasto — Purque todo mundo precisa alumiar sua vida. Ta veno? Só coisa que tem utilidade. Mar como estamo na véspera de natal, vô së bomzim. Vende só os fósfo. Vende tudim, aí eu guardo quele pãozim véi e mofado pra teu de cume manhã de manhã. Mai se tu num vende...APANHA!

Garota Chata 1 — Corre Maria.







Garota Chata 2 — Corre que ta nascendo o dia.

Menino _ Vai logo pra cidade. Corre pra Teresina.

MARIA _ Teresina, eu preciso chegar no centro de Teresina. É lá onde tudo acontece. Que os sonhos se tornam realidade, e onde eu sei que vou encontrar o caminho pra fugir daqui. Vou agora pra cidade onde tudo acontece.

MUSICAL TUDO ACONTECE EM TERESINA

MARIA SAI CORRENDO


Maria — Ai, minha Nossa Senhora, mãezinha do céu. Purque que a senhora foi casa cum uma peste dessa? Quando ele caso, inté fingiu gosta de eu, mar agora. Ara, que é aquilo ali. Uma estrelinha?

Mãe — Sempre que uma estrela cai no chão, é uma alma que vai pro céu.

Maria — E foiisso que a sinhora me disse quando foi se embora e me deixô. Ai, mãezinha, to tão perdida.

ENTRA A NOSSA SENHORA DISFARÇADA DE LAVADEIRA.

Nossa Senhora — Que aflição maior do mundo é essa menina?

Maria —Uai! Quem é a senhora?

Nossa Senhora — Sou uma lavadeira. E você quem é?

Maria — Me chamo Maria.

Nossa Senhora — Maria. Que lindo nome. O meu também é Maria. E por que está tão aflita?

Maria — É que sô sozinha nesse mundo. E to tão perdida.

Nossa Senhora — Sossega o coração, fia. Escuita o vento e sente a vida que corre. Espia só, iscuita bem.








O SOPRO DESSE VENTO
AS SEMENTE AS FRÔ
INTÉ AQUELA ESTRELA, NO FIRMAMENTO
TUDO QUE DEUS FEZ
TÁ CHEGANDO AO MUNDO
PELA PRIEMIRA VEZ, PELA PRIMEIRA VEZ

NUM HÁ NADA QUE APRESSE
NEM FORÇA QUE ENFRAQUECE
O JORRO DESSAS COISA
QUE LA DE CIMA VEM

TUDO QUE DEUS FEZ, TÁ CHEGANDO AO MUNDO PELA PRIMEIRA VEZ
PELA PRIMEIRA VEZ.


Maria — Nossa, que de repente me deu uma alegria tão grande no coração. Igual a quando eu vi a Minha Santinha venerada.

Nossa Senhora — Segue seu caminho fia. Quando tiver escuro, acende o que tiver pra te iluminar e vai ver o caminho de vorta pra casa. Segue fia, segue.


SAI.

Entram o pato e a velha.

Pato — Sai, me deixe que sei o que eu faço.

Ele tenta voar, mas não consegue.

Pato  – Não ri não, hein. Não ri não. Não ri.

Velha —Eu num disse?

Pato — Eu vô avuá! Eu vou avuá! Um dia eu ainda vou avuá!

Velha — Nem toda ave voa!

Pato  — E nem toda velha, sabe tudo.

Maria — Com licença.

Velha — Ué, menina. De que buraco ocê saiu?




Maria — Num saí de buraco nenhum, que num sô tatu! Me chamo Maria.

Velha — Ah, Maria. Pois me ajuda a expricá pra essa pato com miolo de galinha que tem ave que num avoa.

Pato — Num ofende não.

Maria — ö seu marreco. Seu marrequinho, marreco num foi feito pra voar.

Pato — E crian;a que se atreve, mete nariz donde num deve! Pedaço num é teco e pato num é marreco. Sou um pato!

Maria — Desculpa.

Pato — Depois que inventarum desculpa ninguém mais apanha!

O pato vai tentar voar novamente e cai de novo.

Pato — Tão rindo de que? Tão rindo de que? Inté mais vê.



Maria —  ESPERA PATINHO PATO, SEU PATO
                 ESPERA PATINHO PATO
                 SERÁ TARVEIZ QUE SUA SENHORIA
                 AVE-ALIMAR DE TANTA CELÊNCIA,
                 NUM PODIA ME AJUDÁ?

PATO — AGORA JÁ TÁ MIÓR, MININA
                 ME DIZ O QUE OCÊ QUER?

MARIA — ME DIZ QUE LUGAR É ESSE
                   EU ACHO QUE TÔ PERDIDA


PATO —     NA VIDA QUEM PROCURA ACHA
                   OU DE PROCURÁ SE RACHA
                  
MARIA — MAS QUEM HOJE DÁ UMA AJUDA
                    AMANHÃ ENCONTRA QUEM LHE ACUDA

PATO — MAS QUEM SAI PRA CAPINÁ
                NUM PODE IR SEM INXADA
                E QUEM SAI PELO MUNDO
                CONHECE AS PARADA

MARIA — PRA QUEM TÁ PERDIDO
                   QUARQUE CAMINHO É RUMO.
                   QUARQUÉ FRUTA TEM SUMO
                   QUARQUÉ FUMAÇA É FUMO




PATO — Intão, qual é sua informação?

Maria — Pra donde fica a cidade mermo? Acho que me perdi.

Velha — E que diabo uma menininha como tu, quer indo pra cidade?

Maria — Tenho que ir. Tenho que...fazer umas coisa.

Pato — A cidade é perigosa.

Velha — A cidade é como um gigante.

Pato — Que engole os homi, e os sonhos também.

Velha — E ela adora criancinhas.

Maria — Num tem jeito. Tenho que ir.

Pato — Pois é só seguir o barulho, que é o vento, que é o bafo, do gigante.


SAEM. MARIA CONTINUA.

Narradora — E assim, com MEDO de voltar pra casa sem vender nenhum fósforo, Maria seguiu rumo à cidade. Apesar de nunca ter ido mesmo ä cidade e tudo parecer estranho, ela tinha muito mais medo do que já tinha certeza do que do desconhecido.

Por favor pai da minha oração
Me responda com uma canção
Tantos anos se passaram sobre mim
E agora eu pergunto enfim
Nosso pai está tão além
Mas eu sei que ele é meu amigo
Eu só quero que todos também
Possam celebrar comigo
Eu ouso olhar
Bem alto lá no céu
Quem sabe um dia eu entenda o seu papel
De sacrificar
Um filho por todos nós
Quero ver se um dia alguém escuta a minha voz

Por favor pai da minha oração,
Eu te peço só um pocuo de atenção,
Não sei se fiz bem, ao seguir este caminho,
A estrada é torta, estou tão sozinho
Eu penso em rezar
Mas já não seui como fazer
Mas agradeço todo dia
Porque podes me entender
Eu ouso sonhar
Bem alto para o céu
Quem saber um dia eu consiga um papel
Neste grande teatro
Que eu sempre sonhei
Mesmo que eu demore a entender o que eu imaginei

Acenda uma luz que guie a minha escolha, pois não quero viver sempre preso a esta bolha, me mostre outro caminho pra viver longe daqui, porque lá fora é tão escuro e eu não sei pra onde ir. Acenda uma luz.

MARIA _ Ei, esperem um momento. Quem são vocês?

ATOR : Nós? Nós somos atores.

MARIA: Atores? E vocês fazem o que?

ATOR 2: A gente vive pra divertir, encantar e emocionar as pessoas.

MARIA: Ah que legal. E vocês trabalham de que?

ATOR 2: Tá vendo. Ninguém mais respeita a gente. Ninguém amis acredita na arte do teatro. Vamos embora, vamos procurar outro lugar.

MARIA: Ei, ei, me desculpem... Eu não quis ofender. Eu só não entendo direito...nunca fui a um teatro antes.

ATOR 1: Estão vendo só...Não é culpa dela. Ela nunca foi ao teatro. Não sabe como é maravilhoso o mundo do teatro, o mundo da arte cênica, que pode de repente te transportar para qualquer lugar do mundo.

MARIA: Pode me levar pra qualquer lugar do mundo?

ATOR 3: Claro menina, tudo que você tem que fazer é só sonhar. O teatro vive na sua imaginação.

MARIA: E no teatro, eu posso encontrar o mar?

ATOR 1: Claro, menina. É só fechar os olhos e imaginar...Aqui bem na sua frente...está ouvindo? Ouça o barulho...sinta o vento soprar em seus cabelos, cheire a brisa do mar...Um mar azul, imenso, tão grande que os olhos se perdem de tanto olhar...E quando você abre os olhos o que você pode ver?

MARIA: Ah, meu Deus...é lindo demais. É bonito pra caramba. É o mar...é o mar...

ATOR 1: isto menina, é fazer teatro. É fazer você acreditar no que não existe, mas mesmo assim você acredita.

MARIA: Mas...cadê...cadê o mar?

ATOR 1: O mar, está dentro de você agora;

ATOR 2: na sua imaginação.

ATOR 3: No teatro do seu coração.

MARIA: esperem, pra onde estão indo?

ATOR1: Continuar procurando quem precisa de um pouco de teatro para ser um pouco mais feliz. Até logo menina.

TODOS: Até logo.

PARCA — Estava a vida no seu lugar, veio a morte lhe fazer mal, a vida na morte, a morte no homem no pau, o pau no cachorro, cachorro em criança, criança na velha e a velha a fiar. A velha a fiar. A velha a fiar!

Entram várias pessoas fazendo a cidade.

COMO TANTAS A CIDADE ENCANTA
A PRIMEIRA VISTA, A PRIMEIRA VISTA
MARIA, MARIA, SERÁ MAIS UMA NA LISTA

COMO PODE EM SÃ CONSCIËNCIA?
 SE NINGUÉM SE ESPANTA! SE NINGUÉM SE ESPANTA.
 COM SUAS TRISTEZAS, SEUS FRIOS E SUA INFÄNCIA.






 MARIA É MESMO TANTAS
NO VENTRE DA CIDADE
EM NOITE DE NATAL

O CORAÇÃO AFLITO
TRÊS ULTIMOS PALITOS
A VIDA É SEMPRE IGUAL

MARIA É COMO TANTAS
E NINGUÉM MAIS SE ESPANTA
NA CIDADE A VAGAR.


MARIA — Fósforos! Quem quer comprar fósforos?

Vendedor — Sonhos!  Eu vendo sonhos. Quem quer comprar?

Maria — Fósforos! Olha o fósforo. Quem quer comprar fósforos?

Vendedor — Olha o sonho. Quem quer um sonho? Olha o sonho quentinho no ponto.

Maria — Olha o fósfor! Quem quer comprar fósforo?

Vendedor — Menina. Pré com isso. Esse ponto é meu. Eu sou um vendedor.

Maria — Eu também tenho o que vender.

Vendedor — Vender? E o que é que você tem tanto aí, pra vender? Só porcaria. Eu vendo sonhos. Qual é seu sonho menina?

Maria — Meu sonho? Era ter minha mãezinha de vorta lá em casa.

VENDEDOR — Casa, casa, entre e veja
                            Casa, casa, qualquer que seja
                            Vendemos as melhores casa da cidade
                             Pra vida toda você tem felicidade
                             A baixo esforço, a baixo preço, a baixo custo
                             A hora é essa, aproveite, o preço é justo.
                             Casa!

Maria — Brigado, moço. Mas num tenho dinheiro pra comprar nada não.







VENDEDOR — Num tem dinheiro pra comprar e também não deve ter licença pra vender.
Guarda! Polícia!

Maria — Licença pra vender?

Policial — Diga meu caro amigo.

VENDEDOR — Eu estava aqui, ocupando meu sagrado ofício de vender sonhos, e esta menina, veio no meu ponto, tentar roubar a minha freguesia.

Policial — Roubar? Você tentou roubar? Mas roubar é crime!

Maria — Mar eu num roubei nada não.

Vendedor — Mas planejou. E planejar roubar também é crime.

Policial — Estás presa!

Maria — Pois pra me prender, vai ter que correr!

SAEM CORRENDO.


Maria — Ai, que essa correria me deixô com uma fome. E num vendi nadica de nada ainda.

Senhora Rica 1 — Vamos marido vamos.Corra!

Sr. Rico — Estou indo, estou correndo. Mas antes eu tenho que comer um pedacinho mais...


Senhora Rica 2 — Ai, lá está ela. Marido corra.

Sr. Rico — Estou correndo.

Senhora Rica 1 — Ela chegou e tem muito mais sacolas que eu. Ai, que ódio!

Senhora Rica 2 — Ela comprou mais que eu marido. Não posso ficar por baixo.

Srs. Ricos — Estou morrendo de fome.

Sras Ricas — Que fome que nada!

Sra Rica 1 — O que mais importa hoje é o que temos que comprar.

Sra Rica 2 — Comprar!

Srs ricos — Comprar?

Maria — Dá licença. Ouvi dizer que a senhora quer comprar. Então compra esses fósforos.

Sra rica 1 — Fósforos?

Sra rica 2 — Pra que eu ia comprar fósforos?

Sra Rica 1 — Ela ofereceu pra mim, sua inxirida.

Sr Rico 1 —  Mas querida, nós não precisamos de fósforos.

Sr Rico 2 — Para isso nós temos isqueiros.

Sra Rica 1 — É. Mas ela não tem fósforos. Eu vou querer?

Maria — Vai?

Sra rica 2 — Se ela vai querer eu  também vou.

Maria — Tombem?

Sra rica 1  — Não pode. Porque eu vou ficar com todos.

Sra rica 2 — Não. Eles são meus.

Sra Rica 1 — São meus. (BRIGAM)

Sra Rica 1 — Eu vi primeiro larga. (RASGAM OS FÓSFOROS)

Sra Rica 2 — Ah, agora você pode ficar?

Sra Rica 1 — E pra que eu vou comprar o que está estragado?

Sra Rica 1 — Vamos marido. Material de péssima qualidade.

Sra Rica 2 — Péssima, péssima.

Maria — Essa Não. Estão todos estragados? E agora como eu vou voltar pra casa? Só ficaram três.

ENTRA O VELHO E SUA NETA





VELHO — Aninha, vamos. Temos que comprar logo a sua boneca nova. Esta velha já está um lixo. Que nojo! (Joga a boneca no lixo)

Ana — Mas eu gosto dela. (VAI PEGAR A BONECA) Quem é você?

Maria — Me chamo Maria.

Ana — E o que você ta fazendo aí no chão?

Maria — Nada. Agora num tem mais nada pra fazer. Essa boneca é sua?

Ana — É sim. O nome dela é Mimi.

Maria — Bonita. Do jeito que eu sempre sonhei.


Ana — Então fica com ela. É sua. Dada de presente.

Maria — Brigada.

Velho — Aninha, eu já lhe disse pra entrar. Ora, o que é que você faz aí conversando com estes vagabundos? Venha, vamos. Sabe-se lá se esta menina não é uma assaltante.

NARRADORA — Compaixão. Este é um exercício que nós muitas vezes esquecemos de praticar. Porque é muito difícil olhar para o outro e enxergar algo mais que um rosto desconhecido. É muito difícil ver no outro um irmão. E Maria, estava sozinha naquela noite de natal. Numa cidade sem conhecidos, com fome, com frio, e o pior, sem mais nenhum sonho.

Maria — Mimi. Eu to tão sozinha. Num tenho ninguém e você é tão bonita. Quer ser minha amiga? Fala comigo! Fala comigo! Então vai embora. Vai embora...Mãezinha. Por que é que  a senhora num me levou junto tombem? Eu queria tanto de ta junto da sinhora.



NOSSA SENHORA — Quando tiver escuro acende uma luz que ela vai alumia o caminho de vorta pra casa.


Maria — Acende uma luz. Inda tem três fósforo que num estragô. Tô cum tanta fome.

MUSICAL SOBRE A MESA

Maria — Mai pra onde foi tudo? Tinha tanta cumida aqui. Foi o fósforo que apagou. Se eu rica um outro, será que a comida vai vortá?

Ela risca, mas quem volta é a boneca.

O QUE DIZ MEU CORAÇÃO?
SAUDADE! SAUDADE! SAUDADE!
E MAIS NADA DIZ!
APENAS OUVE ESTA VERDADE. NO FIM DO TEMPO ESTÁ UM OUTRO TEMPO
NO FIM DA ARTE A ETERNIDADE.


MARIA — É a bonequinha. Vorta pra mim, Mimi. Fala comigo. Fala comigo.

Acende outro fósforo.

Mãe — Maria!

Maria — Mãe! É a senhora mermo?

Maria — Minha filha. Quando uma estrela desce na terra, é uma alma que vai pro céu.

Maria — Mãe, pois faz descer uma estrela Mãe. Faz descer uma outra. ME leva também mãezinha, num me deixa outra vez.

Fica desesperada riscando os fósforos.

Maria – Mãe...mãe...me leva junto com a estrela.

AMAR
AMAR
MAIOR MISTÉRIO DA VIDA É O AMAR

MARIA — Pai, Mãe, arguém me ajuda a olhar o mar?

Entra o presépio. Música CONTE UMA HISTÓRIA.

MARIA _ Mas o que é isso? Eu to sonhando outra vez? É o grupo de teatro, com uma apresentação do menino Deus. É o nascimento do menino Jesus.

Professora: Sim, eles estão fazendo um presépio vivo.

MARIA: Um presépio vivo?

Professora: Não sabe o que é isso? É uma encenação do nascimento do menino Jesus, olhe só. Aqueles são os três reis magos: Belchior, Balthazar e Gaspar. Eles vieram trazer presentes para homenagear o rei dos reis.

MARIA: O rei dos reis? E  onde ele está?

PROFESSORA: Ali, na manjedoura. Aqueles são Maria e José, seus pais. E dentro da manjedoura está o menino Jesus.

MARIA: Ele é lindo...posso pegar? (Ela o pega no colo) Por favor menino Jesus, eu não sei se posso pedir alguma coisa, mas se eu pedir não é por mim...olhai pra todas as criancinhas do meu Piauí, que passam fome, que vendem coisas no meio da rua, que são maltratadas pelos pais, e daí a elas uma luz.

PROFESSORA: Menina, qual seu nome?

MARIA: Maria.

PROFESSORA: E você já comeu hoje?

MARIA: Não senhora.

PROFESSORA: E onde estão seus pais?

MARIA: Só tenho um padrasto...que ...que...

PROFESSORA: Ele te fez sair na noite de natal pra vender estes fósforos?

MARIA ACENA QUE SIM

PROFESSORA: E você está estudando?

MARIA ACENA QUE NÃO.

PROFESSORA: Então menina, venha comigo.

MARIA: Pra onde a senhora vai me levar...?

PROFESSORA: Primeiro você vai ceiar comigo. Depois a gente vai virar a página deste livro.

MARIA: Virar a página do livro?

PROFESSORA: Você mesma vai contar sua história Maria. Porque hoje é céspera de natal, mas o nascimento do menino Jesus é pra ser celebrado todos os dias. Porque a vida é um eterno natal.

A VIDA É UM MUSICAL


FIM

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