Eis que veio uma chuva chamada Rosa.
Hoje tivemos a chegada da Rosa, uma sediciosa figura. Cheia de
sensibilidade, conceitos e referências grandiosas. Ela nos tomou hoje como uma
tempestade, um exercício de escutar. O estudo da escuta, parte de um estado
quase enlouquecedor, que em segundos nos enche de pensamentos. Foi uma manhã tempestuosa,
difícil, e foi também uma possibilidade de resignificar o conceito de difícil,
pois, tendemos a entendê-lo como algo ruim, e não, absolutamente não foi ruim,
foi difícil mas foi bom. Hoje escutamos
nossos corpos, nossas vozes, nossos pensamentos, criamos em coletivo e
mostramos um resultado. Tocar e se mover pela pele, um imaginário criativo, um
exercício de possibilidades, fomos estimulados em duplas, em trios e quartetos.
Tocamo-nos e nos observamos ao sermos tocados. Fomos tocados e provocados pela
Rosa, buscando nossos significados.
A potência do corpo, a máscara, nossas falas carregam os
nossos entendimentos, elas representam nossas escolhas, e são tomadas por
nossas decisões, e Rosa nos provocou quanto a isso, nos fez refletir sobre o
que somos, e por que estamos juntos aqui. Provocou-nos para que não sejamos
reféns de nossos discursos, muito menos que sejamos meros representantes de
discursos já formatados e padronizados. É importante refletir sobre nossas
falas, e o que produzimos a partir delas, hoje falamos muito. Por outro lado é possível sermos veículo de
valores e ideias que congregamos, é preciso pensar outros jeitos de fazermos
nossas cenas e nossos trabalhos, sem necessariamente buscarmos algo novo. E sim
algo que se assemelhe com nossas palavras.
A dramaturgia é a escrita da ação. Os passos são conjuntos
de ações incorporados no movimento, sendo que quando você se move seus
entendimentos e vivências são incorporadas nesses movimentos. Foi uma manhã
tempestuosa, Rosa passou sobre nós como um rolo compressor feito de papel
bolha, nos encheu de “tapas na cara” com uma mão de pelúcia, nos criou
problemas impossíveis de serem resolvidos. Nos possibilitou repensar sobre nós
mesmo, sobre nossas danças, nos fez sermos pequenos. Nos possibilitou entender
que nossa pele não é apenas um órgão que envolve todo nosso corpo. Ela é uma
teia criativa de infinitas possibilidades. Foi preciso sermos sacudidos,
certamente entraremos mais fortalecidos para a nova vivência de amanhã com uma
tempestade de ideias chamada Rosa.
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