quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Mostra Alaya Dança 2016

Eis que veio uma chuva chamada Rosa.
Hoje tivemos a chegada da Rosa, uma sediciosa figura. Cheia de sensibilidade, conceitos e referências grandiosas. Ela nos tomou hoje como uma tempestade, um exercício de escutar. O estudo da escuta, parte de um estado quase enlouquecedor, que em segundos nos enche de pensamentos. Foi uma manhã tempestuosa, difícil, e foi também uma possibilidade de resignificar o conceito de difícil, pois, tendemos a entendê-lo como algo ruim, e não, absolutamente não foi ruim, foi difícil mas foi bom.  Hoje escutamos nossos corpos, nossas vozes, nossos pensamentos, criamos em coletivo e mostramos um resultado. Tocar e se mover pela pele, um imaginário criativo, um exercício de possibilidades, fomos estimulados em duplas, em trios e quartetos. Tocamo-nos e nos observamos ao sermos tocados. Fomos tocados e provocados pela Rosa, buscando nossos significados.

A potência do corpo, a máscara, nossas falas carregam os nossos entendimentos, elas representam nossas escolhas, e são tomadas por nossas decisões, e Rosa nos provocou quanto a isso, nos fez refletir sobre o que somos, e por que estamos juntos aqui. Provocou-nos para que não sejamos reféns de nossos discursos, muito menos que sejamos meros representantes de discursos já formatados e padronizados. É importante refletir sobre nossas falas, e o que produzimos a partir delas, hoje falamos muito.  Por outro lado é possível sermos veículo de valores e ideias que congregamos, é preciso pensar outros jeitos de fazermos nossas cenas e nossos trabalhos, sem necessariamente buscarmos algo novo. E sim algo que se assemelhe com nossas palavras.


A dramaturgia é a escrita da ação. Os passos são conjuntos de ações incorporados no movimento, sendo que quando você se move seus entendimentos e vivências são incorporadas nesses movimentos. Foi uma manhã tempestuosa, Rosa passou sobre nós como um rolo compressor feito de papel bolha, nos encheu de “tapas na cara” com uma mão de pelúcia, nos criou problemas impossíveis de serem resolvidos. Nos possibilitou repensar sobre nós mesmo, sobre nossas danças, nos fez sermos pequenos. Nos possibilitou entender que nossa pele não é apenas um órgão que envolve todo nosso corpo. Ela é uma teia criativa de infinitas possibilidades. Foi preciso sermos sacudidos, certamente entraremos mais fortalecidos para a nova vivência de amanhã com uma tempestade de ideias chamada Rosa. 

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