Valdemar Piauí
Sou bailarino,
coreógrafo, professor, pesquisador, diretor fundador da Organização Ponto de Equilíbrio
(Teresina-Piauí), fundador e vice-presidente da Associação Cultural dos Amigos
de Amarante (Amarante-Piauí). Ações desenvolvidas no Piauí, e que por meio
delas me conecto com minhas raízes e contribuo de alguma forma, para o
desenvolvimento da cultura piauiense.
2015 pessoalmente foi
um ano de mudanças, abstruso, ano que me possibilitou chegar a muitos limites
de mim mesmo. Vivo nesse momento um estado de adaptação aqui em Brasília (farei
dois anos que cheguei aqui em julho). Uma mudança assim precisa de tempo para
se concretizar, e tenho aproveitado esse tempo para me aprofundar em mim mesmo,
para chegar nesses limites e usufruir de uma sensação necessariamente pessoal,
que me fortalece enquanto humano.
Muitas vezes, como
artistas, nós nos distanciamos do lado humano, somos “quase” desumanizados, é
uma contestação minha. Vários fatores eu considero, o mais grave deles em
termos profissionais pra mim, é a estabilidade, algo muito raro na profissão do
artista. E quando a economia não anda bem, certamente a consequência é maior
para nós. Ser artista sempre foi e será uma profissão complexa, pois, em muitas
situações somos negligenciados, e nosso oficio se confunde com outras
atribuições, ou ainda são consideradas de menor valor financeiro. O poder
público ainda é o grande mantenedor da cultura no Brasil, e fomos alimentados a
só consumir cultura se for de graça. Mesmos os artistas preferem uma cortesia
ou mesmo só vão a eventos que tenham entrada gratuita. Isso também é cultural.
E por outro lado os artistas bem sucedidos (o que não significa ser mais
talentoso) esbanjam e ostentam vidas dignas de grandes empresários, muitos artistas
são “empresas” e empregam milhares de outros artistas e técnicos. Isso confunde
a cabeça da população geral que: ou pensa que todo artista é rico, ou acha que todos
são bem pagos ou ainda acham que só são merecedores de pagamentos os que estão
na globo.
Quis dizer tudo isso
pra tocar em outra questão importante para qualquer um de nós, que é o “planejamento”.
Sem ele não conseguimos nada, nadamos e morremos na praia, ficamos a ver os
navios passarem, e não tomamos as rédeas de nossas carreiras. É importante
valorizarmos essa etapa e destinar um tempo para o planejamento. Isso é
fundamenta para quem busca se firmar e se manter com dignidade dentro desse
mundo cada vez mais capitalista. Onde para vivermos e até mesmo trabalharmos,
nós precisamos de estruturas e de aparato tecnológico, cada vez mais complexo e
com alto valor de manutenção.
Em Brasília sou
Presidente-Fundador da Micro Empresa Individual Equilíbrio Cultural. Uma
empresa que entra no mercado de produção de cultura no Distrito Federal, e com
muito planejamento vamos desenvolver um trabalho de transformação social por
meio da cultura, no Brasil. Posso garantir isso, tendo como experiência toda
minha vida. Em todos os lugares onde vivi, procurei exercer da melhor maneira
minha missão de produzir cultura e conhecimento. E aqui em Brasília não tem
sido diferente, pois embora seja a capital do Brasil e com apenas 55 anos de
existência. Brasília é uma cidade muito carente de cultura, como todas outras do
Brasil que não sejam Rio de Janeiro e São Paulo.
Aqui no Distrito
Federal a cultura também vive a míngua, acontece eventualmente, e como em todo
lugar, tem poucos projetos com muitos “destaques” e que embora isolados, causam
muitas melhorias onde atuam. Brasília por exemplo, o Teatro Nacional está fechado
para reforma já faz três anos. Nos últimos anos perdeu a Casa Estatal de dança
e muitos outros espaços para a formação de artistas por falta de manutenção. A
Faculdade Dulcina de Moraes está preste a ser fechada por falta de incentivo.
Concluo nesses muitos anos de carreira que não é nada fácil fazer cultura, seja
aqui, seja em Amarante, seja em Teresina, claro que em cada uma dessas cidades
existem suas glórias, e que assim como em qualquer outro lugar do mundo, tem o
mesmo apelo humano do qual quero mesmo falar aqui. O fato de a arte me
possibilitar contatos, isso vem me alimentando a cada dia, a cada nova conversa,
a cada novo espaço que ocupo, a cada nova oportunidade que me surge. Como por
exemplo a possibilidade de criar uma turma de Dança Afro no Espaço Usina. Ou
mesmo as aulas de Ritmo no Espaço Imaginário. Entre o que se concretizou em
2015 posso falar das aulas de Dança na Academia New Life (Cruzeiro Novo), o
acesso ao Conselho Gestor da Associação Desportiva e Cultural Superar
(Samambaia-DF). Professor de Dança da ONG Grupo Pellinsky (Cruzeiro Velho-DF). Entre
muitas possibilidades que vislumbro para o ano que já se inicia. Uma coisa é
certa, preciso de mais planejamento e ação, pois essas são, sem dúvida, as
condições exatas para qualquer voo.
Pela falta de
planejamento passei o meu primeiro natal da vida fora da minha cidade natal:
AMARANTE.
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